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quinta-feira, 12 de abril de 2012

ABORTO DE ANENCÉFALOS

Aborto de anencéfalos divide opinião de especialistas

Aborto de anencéfalos divide opinião de especialistas Foto: DIVULGAÇÃO

Dar continuidade à uma gestação em que o feto é diagnosticado com anencefalia é motivo de polêmica entre os médicos; veja opiniões; STF retoma nesta quarta-feira a votação que decidirá se mulheres poderão abortar nesses casos 

10 de Abril de 2012 às 12:10
247 com Agência Brasil - Dar continuidade à uma gestação em que o feto é diagnosticado com anencefalia, um tipo de malformação rara do tubo neural, é motivo de polêmica entre os especialistas.
Os obstetras e geneticistas que são favoráveis ao aborto argumentam que a morte do bebê é considerada certa e os riscos para a mulher aumentam à medida que a gravidez é levada adiante.
Para o médico e professor de ginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Thomaz Gollop, a interrupção da gestação de um feto com anencefalia não deveria ser considerada um aborto, já que não há perspectiva de sobrevida do bebê. O termo correto, segundo ele, é antecipação do parto. “Não estamos discutindo o aborto de um feto normal. No caso da anencefalia, a situação é mais dramática”, destacou.
Já aqueles que se posicionam contra a atitude de dar fim à vida do bebê que está sendo gerado dizem que essas crianças devem ser tratadas por profissionais de saúde como pacientes de alta gravidade e a baixa expectativa. Esses obstetras e pediatras acreditam que o sofrimento dos pais não justifica a interrupção da gestação nesses casos.
Para a coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital São Francisco, Cinthia Macedo Specian, o feto anencéfalo, ao contrário do que considera o Conselho Federal de Medicina (CFM), não deve ser considerado um natimorto cerebral. “Ele tem um comprometimento severo de um órgão muito importante, mas não posso classificá-lo como um indivíduo que está em morte encefálica. Estudos mostram que todos eles têm respiração espontânea, mais de 50% conseguem mamar, sugar e deglutir o leite. Pacientes com morte encefálica não deglutem nem a saliva e não têm movimento ocular”, explicou.
A frequência de casos de anencéfalos no país, de acordo com o obstetra Thomaz Gollop, é de cerca de 1 caso para cada 700 nascidos vivos. Isso significa que em torno de 400 bebês são diagnosticados com a doença todos os anos. O Brasil, atualmente, ocupa a quarta colocação no ranking global de casos. Gollop explicou que a deficiência de ácido fólico na dieta das gestantes é responsável por cerca de 50% das ocorrências e que fatores genéticos e ambientais também influenciam nos números.
O médico lembrou que, desde 1989, a maioria dos juizes brasileiros concede autorizações para que mulheres grávidas de anencéfalos possam interromper a gestação. O feto com a malformação é classificado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como um natimorto cerebral e, na definição de Gollop, é uma criança “completamente inviável”.
O Supremo Tribunal Federal retoma nesta quarta-feira a votação que decidirá se mulheres poderão interromper a gestação de fetos anencéfalos. A Corte irá analisar ação, ajuizada em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), que defende a descriminalização do aborto nesses casos. A entidade defende que existe ofensa à dignidade humana da mãe uma vez que ela é obrigada a carregar no ventre um feto com poucas chances de sobreviver depois do parto.

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